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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Um alguém

Nem adianta mais me lamentar de tudo se hoje as lamentações não estão me adiantando de nada. Já não tenho mais as pessoas que eu confiava, não sinto mais o que sentia antes. Me sinto agoniada, sufocada.
Só queria liberdade. Ser livre e feliz. Ou nem isso. Um amor bastaria. Um amor, para que eu pudesse me lamentar mesmo quando as lamentações não me adiantassem de nada, mesmo quando a minha agonia continuasse a me perturbar.
Um amor que eu pudesse abraçar nos momentos que eu me sentisse triste, infeliz.
Nem precisava ser um amor. Poderia, talvez, ser um amigo, para me apoiar nas minhas decisões difíceis e para me ouvir falar besteira. Para rir comigo de coisas que só a gente entenda. É, poderia ser um amigo verdadeiro!
Nem precisava ser um amigo. Poderia ser um irmão. Para, numa manhã de outono, tomar um café e conversar sobre o caos em que a família se encontra, ou até mesmo para brigar num almoço de domingo. Para chorar com nossas perdas e ganhos e para sorrir, sabendo que estariamos sempre juntos.
Nem precisava ser um irmão. Poderia ser somente alguém. Alguém qualquer. Alguém que me criticasse quando fosse preciso. Alguém que me admirasse pelo que sou, alguém que ficasse mudo enquanto eu chorasse, que respeitasse a minha dor. Alguém ...Tanto faz o jeito. Alguém normal, ou não. Poderia ouvir muito bem, poderia ser surdo, poderia falar pelos cotovelos, poderia ser mudo, poderia enxergar além da alma, ou poderia ser cego, não importa. Desde que fosse alguém. Alguém que fosse fiel a mim, e que andasse ao meu lado o tempo todo, que me apoiasse em quase tudo, que me amasse mais que tudo, e que me provasse isso.

Sim, poderia ser um alguém.

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