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terça-feira, 16 de junho de 2015

Nenhum homem é uma ilha



"Nenhum homem é uma ilha". Não, infelizmente, nenhum homem é. Não somos cercados por mares, apenas por olhos marejados, cansados e tristes, vez ou outra. Somos cercados pelo cansaço, pela falta de tempo, pelos problemas do dia a dia, pelas dores e machucados que a vida teima em viver nos dando. A maioria das coisas que nos rodeia não têm nada de mar, não têm nada de azul. Não somos ilha, pois somos cercados por pessoas. Pessoas causam muito mais estrago que qualquer maremoto. São raros os dias de maré mansa que pessoas proporcionam. Quando há sentimento, carinho, afeto, todo dia é dia de tsunami, é dia de alerta pra ilha, é dia de bandeira vermelha no mar. É difícil demais o sentir. Ir pro mar, com algum (por pequeno que seja) sentimento, é ir sabendo que o barco vai afundar. Ilha... É como se fôssemos, como se tivéssemos sempre ali, prontos pra qualquer tsunami, parados, esperando a água vir, e destruir tudo um dia. Mas não somos. Nenhum homem é uma ilha, infelizmente. Ilha nenhuma sente dor.

domingo, 26 de janeiro de 2014



Cadê o manual que ensina a gente a ser feliz? Cadê a máquina, o instrumento, ou qualquer outra tecnologia que faça nos sentir menos sozinhos? Eu sei, eu prometi nunca mais escrever sobre essa merda toda. Prometi nunca mais escrever sobre tristeza ou solidão. Prometi também nunca mais me sentir assim, triste, ou sozinha. Mas não deu. Como não falar sobre algo que assola os meus dias, que faz parte da minha vida, que impregnou em mim, assim como o perfume de alguém que a gente ama fica na nossa roupa quando essa pessoa nos abraça? É, eu prometi não falar mais de romance também, eu prometi não ser mais romântica, nunca mais. O romance é a tragédia da vida. É o culpado por todas as nossas frustrações, a gente acredita a vida inteira que vai ser feliz, que algum dia as coisas irão correr bem, e muitas vezes (em quase todas as vezes) tem 98% de chances de todos os nossos planos e sonhos darem errado. Não existe final feliz, nem príncipes, nem princesas. Existem momentos felizes, sim, mas são raros. Dos poucos momentos marcantes na vida da gente, menos ainda são os felizes. A vida não é um filme... Existem erros, escolhas, acertos, sofrimentos... Existem inícios e finais tristes. Eu prometi não falar mais sobre essas coisas, mas simplesmente não se pode fugir disso. Já me falaram que é puro pessimismo, mas todos sabemos que é pura realidade. Os dias lá fora são sempre iguais, e as verdades as vezes simplesmente jogam na cara da gente aquilo que vivemos sempre tentando esconder: corremos o risco de não SERMOS felizes, e esse risco é muito grande, de tão grande, passa a ser quase que não um risco e sim um fato. Isso só nos assusta porque o romance nos fez acreditar o contrário, nos faz crer em um mundo que não existe, nas ilusões que nós mesmos alimentamos, achando que existe um tesouro no fim do arco-íris. Desculpem-me aqueles que ainda acreditam, mas não, nada é um mar-de-rosas. É tudo muito difícil, duro, terrível... A metade das pessoas que conhecemos, na verdade não são o que acreditamos que sejam. De duas mãos cheias de amigos, terá sorte se no final da vida tiver uma só. Cinco amigos verdadeiros é muito luxo nos dias de hoje, o que confirma a fato de que talvez você enfrente quase tudo sozinho... Chore sozinho, resolva os problemas sozinho, ame sozinho, ande sozinho, viva sozinho e morra sozinho. É como se fosse um solo, em que a gente dança do nosso jeito, e que quando a música para a gente para também, sem luzes, sem aplausos, sem plateia, sem ninguém. Já dizia Bukowski, e dizia certo: " A gente chega sozinho e vai-se embora do mesmo jeito. E a maioria passa a vida inteira sem ninguém, assustada e sem entender nada." 
Me desculpem otimistas, pelas minhas palavras de desesperança acabar desencorajando vocês a algo, mas, pra ser um pouco clichê, devo dizer que "é a vida". E aos pessimistas... não se matem! Pois o paraíso também não existe. Nem o terreno, e nem o divino. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Decepções e Esperanças


Colecionava decepções e esperanças, e sabia que não era nem um pouco organizado se ter decepções e esperanças no mesmo álbum de figuras. De repente foi por isso que tanto sofreu, talvez tenha sido por isso também que tanto aprendeu. Raramente ela contava quantas decepções tinha conseguido, mas sempre soube que o número de esperanças andava sempre maior. Talvez ela fosse uma péssima colecionadora de sentimentos, pensava. Sabia, quase sem querer, que as coisas boas um dia iam chegar, e que as coisas ruins um dia chegariam também, e atrapalhariam tudo o que já estava certo, porque essa era a lei da vida. E acreditava que todos também deveriam pensar assim, gostaria sim que todos tivessem suas esperanças e decepções organizadas juntas, não pra se contar quantas vezes se ganhou ou se perdeu, mas pra saber, que não virão coisas boas se não tiverem as ruins; ela sempre dizia que quando se escreve alguma coisa bonita na areia da praia, ou quando se faz um castelo perfeito, vem a onda e destrói tudo, mas isso não é uma coisa ruim, isso acontece pra gente escrever uma coisa melhor na areia, pra fazermos o castelo com maior perfeição. Tudo na vida muda, independentemente de ser pra melhor ou não. Tinha muita dificuldade em se explicar quando alguém fazia a pergunta "quem é você?". Realmente não sabia quem era, porque o que era em instantes atrás já não é mais, o ontem depois que passava sempre vinha com novas ideias; novos sonhos; novas notícias, ruins e boas; novos gostos musicais; novos amigos; novas preocupações... Tudo mudava a cada momento, a cada dia, semana, mês, ano... Não era possível dizer quem era, mas era possível dizer do que ela era feita, do que todos nós somos feitos... Decepções e esperanças. Só.
Se não fosse as decepções, todo mundo seria burro, ninguém saberia enfrentar os problemas, todo mundo seria fraco demais pra qualquer coisa. Se não fosse as esperanças também, porque ela sabia que não eram só os pés que a faziam levantar da cama todos os dias, mas sim as esperanças. Pra ela, não há como viver sem ter decepções, mas também não há vida nenhuma sem esperança. 
Por todos esses motivos, sempre, por onde andava, levava a seguinte frase: "devemos aceitar a decepção finita, mas nunca perder a esperança infinita".
E assim ela vivia, nem sempre feliz, as vezes decepcionada, com os outros, com a vida, mas sempre com a esperança, que mesmo com as coisas todas ruins... algo melhor sempre poderia surgir, assim, de repente...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O peso da minha dor




Peço ajuda à alguém que seja forte. Minha dor é muito pesada. Não tenho certeza de que consigo carrega-lá sozinha...
A maioria das pessoas pensa que é drama falar de tristeza, mas não é. Quando a gente tem muita dor por dentro, a gente tenta pôr pra fora, a gente tenta esvaziar a alma das coisas negativas. Dessa vez, a minha dor é diferente, não estou cheia de dor, não é preciso esvaziar a dor que tenho em mim; a dor dessa vez está pesada, e preciso carregar ela comigo pra onde quer que eu vá. Tá bem difícil de carregar algo tão pesado, e é por isso que eu preciso muito de alguém que seja forte o bastante, alguém que possa me dar algum apoio. Conheço muitas pessoas fortes, mas nunca vi, nessa vida toda, alguém chegar na rua, ver a dor nos olhos do próximo e perguntar: "tá muito difícil de carregar? Precisa de ajuda?". Já vi pessoas fazendo isso com alguém que está carregando sacolas pesadas, com alguma vovó que está na rua carregando até mesmo algo nem tão pesado assim, com pessoas que estão levando embrulhos de presentes... Mas nunca com a dor. Talvez porque a dor é individual, cada um carrega a sua, cada uma com o peso que merece, ou que nem merece muitas vezes. A dor é como um sorteio, onde todos nós participamos, cada um pega o seu número já quando nasce, uns pegam dores pequeninhas, leves... e esses são os sortudos. Há aqueles que pegam as dores mais pesadas, duras, difíceis de se carregar. E a dor é assim, ela não escolhe ser maior para os mais pecadores, ou menor pra'queles que são mais corretos, ela vêm assim, em dimensões aleatórias. Alguns suportam, outros não. Talvez seja um teste. Vocês sabem, testes como aqueles que a gente vê na tv, no BBB, de quem aguenta mais tempo segurando a dor, de quem é mais inteligente pra driblar ela, de quem tem mais calma e paciência pra enfrentar a dor calado, daqueles que trapaceiam e atiram a dor para o próximo... É, pode ser um desses testes, não sei, só sei que tá difícil, nunca fui boa em testes, sempre fico nervosa, tremo, suo frio, quente... É, também sou assim com a dor. No meu caso, a dor é uma prova de resistência, tô quase desistindo. Mas não, ainda não desisti. No momento, como já disse, estou procurando alguém forte, que me ajude a carregar a minha dor. Procurei nas ruas, nos supermercados, nas farmácias  nas academias, nos parques e em todos os lugares que fui. Meus olhos corriam, procurando pessoas fortes. Inteligentemente fortes, fisicamente fortes, emocionalmente fortes, pra mim não importava, contanto que fossem fortes, muito fortes, em qualquer ponto... Faz alguns dias, não sei se sonhei ou me disseram, mas lembro de ter ouvido alguém falar em Deus, que Deus estava vendo a minha procura, e que ele não iria, de forma alguma me presentear com alguém forte. Me falaram que ninguém carrega a dor por ninguém, que o único que pode enxergar a dimensão dela é Deus, e que o único que pode acabar com ela é a gente mesmo. Me disseram que a gente não precisa de ninguém forte, que a gente só precisa de uma fé forte, de um coração forte e de um sorriso forte. Me disseram que todos nós temos essas três coisas. Eu não sei, fiquei em duvida, nem tinha certeza se alguém me disse mesmo ou se eu só sonhei. Mas tentei usar, fortifiquei a minha fé naquilo que eu acredito, ouvi o som do meu coração batendo, e o ritmo tava forte, coloquei no meu rosto o melhor sorriso que consegui. Deu certo. Me olhei no espelho e a dor tava levezinha, tão leve quanto uma pena. Ou não. Não era a dor que estava leve, era eu mesma... que estava FORTE!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pássaro em mim


Sentei no chão do jardim, olhando as flores e pensando na vida. Fiquei olhando o verde da grama, e observando como é calma a primavera, como o céu é calmo, como a natureza embala devagar os pensamentos. A única coisa que não para aqui fora, nesse imenso colorido, são os pássaros, eles estão sempre em movimento, assim como o tempo. Eles voam até aqueles potinhos de água e ficam ali bebendo, mas as asas não param nunca. É que nem o tempo, é que nem o pensamento, precisam estar sempre em constante movimento, pra não cair. Ali, sentada, eu pensei que talvez seja como eles... Sempre em busca do infinito, assim como eles quando voam pra bem alto no céu, eu também sou assim, só não tenho asas, mas estou sempre voando longe com o meu pensamento. Ando, como eles, as vezes em bando, mas não morro de nenhuma necessidade, nem perco o encanto quando sozinha bato as minhas quase-asas. Se me prender, me engaiolar, pode até me ter, mas não vai ter a minha alma, meu coração, nem a minha mais bonita paisagem, meu lugar também é voando por aí, é extraindo de todo lugar onde eu passo, um pouquinho de cor, um pouco de amor, um pouco de beleza, mesmo na maioria das vezes, sendo essa beleza somente interior, e só aqueles que olham com atenção pras coisas simples enxerguem. Eu sou assim, colorida do meu jeito, assim como cada passarinho tem a sua cor, assim como todo passarinho possui as cores todas da natureza. E é assim que eu me encaixo, como um pássaro, livre, solta, sentindo no ar e no vento a leveza de mim mesma...

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Pensamentos ...


Hoje mesmo eu estava pensando... É tanta coisa boa que acontece na nossa vida, mais coisas boas do que ruins muitas vezes, e mesmo assim, quando a gente para pra pensar, a gente só lembra das coisas ruins. As coisas boas parecem passar em branco na nossa cabeça. Até acaba parecendo que só as coisas ruins causam impacto nas nossas vidas... As vezes parece que o que foi bom não valeu de nada. Talvez nem possa mesmo valer diante da enorme dimensão de coisas ruins que muitas vezes nos acontecem, sem a gente nem mesmo saber o porque. A gente não se acostuma com as coisas ruins, porque elas não estão nos nossos planos. Quando a gente fecha os olhos à noite e para pra pensar na vida, a gente não pensa em possíveis desgraças, em mudanças de planos que não vão dar certo, em decepções... A gente fantasia tudo detalhadamente perfeito, e é esse o nosso erro. É como montar um castelo perfeito, que deu o maior trabalho, na beira do mar  e depois ver uma onda enorme vir e destruir tudo. É assim na vida. Quando a gente deita no travesseiro construímos sonhos perfeitos, fazemos planos tão corretos, pra acordar no outro dia e saber que não vai ser assim. E o pior, quando não é assim, a gente acaba se frustrando, achando que não é feliz, se culpando pelas coisas boas não acontecerem. As coisas boas acontecem sim, o que não acontece são as coisas impossíveis, as coisas que a nossa mente criou, os planos que nós fizemos, antes mesmo de saber o que nos esperava. Tudo que é muito planejado, acaba não dando certo, tudo... Principalmente as nossas expectativas ! E a culpa é sim toda nossa, não das coisas ruins acontecerem, mas de não estarmos preparados pra lidarmos com elas. Culpa nossa, culpa dos sonhos, culpa da mania de perfeição que a gente tem. A gente não tá acostumado, e quem sabe nunca vai se acostumar, por mais que a vida ESFREGUE na nossa cara: as coisas não vão ser nunca exatamente como a gente planeja, coisas boas vão te acontecer e coisas ruins também, os teus planos podem ser perfeitos... Mas a vida não é, nem pra você, nem pra mim, nem pra ninguém!

Convivência




A convivência nos ensina a lidar com os afetos e os espinhos que uma relação próxima ou diária  pode causar. A gente acaba, querendo ou não, conhecendo e tentando nos aceitar da forma diferente que somos, que agimos, que pensamos... Muitas vezes, as diferenças acabam se completando e a gente acaba entendendo que não precisamos ser e pensar igual pra termos uma boa relação. Mas também há as diferenças que nos afastam, ou que nos aproximam negativamente. Nós TODOS somos diferentes e talvez essa seja a nossa única coisa em comum, essa seja a nossa única igualdade. A convivência nos ensina a sentir, mexe com a nossa emoção o tempo todo. Nos ensina a ver que por mais que a gente discorde de tudo, não consiga se aceitar devidamente em nada, tenha ideias e ideais totalmente diferentes... a gente acaba sentindo saudade quando a convivência morre, acaba. É assim com todo mundo que se aproxima demais e depois precisa se afastar. A gente sente saudade sim, saudade das brigas, das discordâncias, das vezes que tentamos concordar e não deu certo, até mesmo dos momentos de fúria, e assim é a convivência. Depois ainda, a gente tem aquela coisa de parar e pensar que podia ter sido diferente, de lembrar das vezes que a gente não perdoou o erro do outro, e a gente acaba não perdoando à nós mesmos por isso. A gente para e pensa nas palavras que a gente podia ter dito e não disse, nos olhares solidários e amigáveis que a gente podia ter trocado e não trocamos, nas ajudas que a gente se negou de dar... E é aí que a gente se dá conta, depois que já passou, que por mais que a convivência fosse ruim, ela era única. E coisas únicas são insubstituíveis. E coisas insubstituíveis, quando vão embora, não voltam mais. É assim com a convivência. É assim com as pessoas. Foi assim comigo !

"A vida é como uma pessoa boa, cê só nota quando vai embora."