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domingo, 26 de janeiro de 2014



Cadê o manual que ensina a gente a ser feliz? Cadê a máquina, o instrumento, ou qualquer outra tecnologia que faça nos sentir menos sozinhos? Eu sei, eu prometi nunca mais escrever sobre essa merda toda. Prometi nunca mais escrever sobre tristeza ou solidão. Prometi também nunca mais me sentir assim, triste, ou sozinha. Mas não deu. Como não falar sobre algo que assola os meus dias, que faz parte da minha vida, que impregnou em mim, assim como o perfume de alguém que a gente ama fica na nossa roupa quando essa pessoa nos abraça? É, eu prometi não falar mais de romance também, eu prometi não ser mais romântica, nunca mais. O romance é a tragédia da vida. É o culpado por todas as nossas frustrações, a gente acredita a vida inteira que vai ser feliz, que algum dia as coisas irão correr bem, e muitas vezes (em quase todas as vezes) tem 98% de chances de todos os nossos planos e sonhos darem errado. Não existe final feliz, nem príncipes, nem princesas. Existem momentos felizes, sim, mas são raros. Dos poucos momentos marcantes na vida da gente, menos ainda são os felizes. A vida não é um filme... Existem erros, escolhas, acertos, sofrimentos... Existem inícios e finais tristes. Eu prometi não falar mais sobre essas coisas, mas simplesmente não se pode fugir disso. Já me falaram que é puro pessimismo, mas todos sabemos que é pura realidade. Os dias lá fora são sempre iguais, e as verdades as vezes simplesmente jogam na cara da gente aquilo que vivemos sempre tentando esconder: corremos o risco de não SERMOS felizes, e esse risco é muito grande, de tão grande, passa a ser quase que não um risco e sim um fato. Isso só nos assusta porque o romance nos fez acreditar o contrário, nos faz crer em um mundo que não existe, nas ilusões que nós mesmos alimentamos, achando que existe um tesouro no fim do arco-íris. Desculpem-me aqueles que ainda acreditam, mas não, nada é um mar-de-rosas. É tudo muito difícil, duro, terrível... A metade das pessoas que conhecemos, na verdade não são o que acreditamos que sejam. De duas mãos cheias de amigos, terá sorte se no final da vida tiver uma só. Cinco amigos verdadeiros é muito luxo nos dias de hoje, o que confirma a fato de que talvez você enfrente quase tudo sozinho... Chore sozinho, resolva os problemas sozinho, ame sozinho, ande sozinho, viva sozinho e morra sozinho. É como se fosse um solo, em que a gente dança do nosso jeito, e que quando a música para a gente para também, sem luzes, sem aplausos, sem plateia, sem ninguém. Já dizia Bukowski, e dizia certo: " A gente chega sozinho e vai-se embora do mesmo jeito. E a maioria passa a vida inteira sem ninguém, assustada e sem entender nada." 
Me desculpem otimistas, pelas minhas palavras de desesperança acabar desencorajando vocês a algo, mas, pra ser um pouco clichê, devo dizer que "é a vida". E aos pessimistas... não se matem! Pois o paraíso também não existe. Nem o terreno, e nem o divino.