Páginas

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O táxi

Quando entrei e me sentei, no banco de trás, olhei diretamente para o espelho que estava em minha frente.
Daquele espelho podia ver nítida e fascinadamente os olhos do senhor que dirigia. Não eram belos olhos, porém fascinavam a qualquer um que gosta de ouvir boas e verdadeiras histórias.
Era um senhor de idade, que ja tinha mais ou menos seus 60 anos, tinha rugas no rosto. Como já disse, não era belo, mas, era sim, interessante.
Olhava para as janelas e via o movimento da rua. Via os prédios, as pessoas e não me desligava aos detalhes de nada do que eu estava vendo, mas também ouvia atentamente tudo o que o senhor dizia. Ouvi muito os comentários que ele fazia sobre a política e o mundo, ouvi também o comentário sobre o café que ele havia tomado durante a manhã, ouvi comentários sobre o jornal. Por tudo o que o senhor falava, parecia ser uma pessoa sábia. Admiro pessoas assim. Admirei-o.
Eu apenas concoradava com os comentários que o senhor fazia. De vez ou outra, falava alguma coisa.
Estava muito concentrada em suas histórias, elas me lembravam um certo alguém, um alguém que eu já nao vejo com frequencia. Já nunca mais tornei a ver. Nem verei tão brevemente.
Ouvi várias histórias e ao mesmo tempo reparei em como a cidade era bela. Nunca havia reparado tanto.
Me senti bem.
Até me esqueci do que iria fazer. Esqueci da correria do dia. Esqueci do atraso, e pela 1ª vez na vida fiquei feliz com o congestionamento. Eu estava vendo a cidade e escutando histórias sobre ela em cada passada. Como se fosse um filme.
Estava tão concentrada que nem notei quando o carro, de repente, parou.
E o senhoor disse:
- Chegamos !
Desconcentrei. Queria ouvir mais histórias, mas não falei nada. Apenas peguei o dinheiro, paguei o senhor e sai.
Deu tempo de ouvir o senhor dizer:
- Tenha uma boa tarde, moça ! Fica com Deus !
Fiquei tão triste, queria ouvir mais histórias !...
Pelo menos agora já sei como a cidade é bela !
Nem sei porque escrevi isso, mas tudo bem.

Um comentário: