Páginas

sexta-feira, 17 de junho de 2011

É a "vida"




É estranho ver uma pessoa ali, a pouco, e logo depois precisar se conformar com o fato de nunca mais poder vê-la. Mas é assim que acontece, a nossa vida é assim e isso não é e nem será exclusividade de ninguém. Todos, alguma vez na vida, vão passar por isso. Todos, algum dia irão precisar se acostumar com a falta, com a ausência de alguém que não volta.

Sortudos são aqueles que conseguem dar o último abraço, o último sorriso, que conseguem ter a última conversa, o último beijo, o último 'eu te amo'.

E a gente segue a vida que nos (per)segue, nos fazendo ter medo de algo que a gente mesmo nem sabe ao certo o que é.

Ninguém sabe ao certo, mas existe uma coisa da qual eu tenho quase certeza: muitas vezes é mais difícil para quem fica do que para quem se vai. É difícil não sentir mais o cheiro, não sentir mais o toque, não ouvir mais a voz, não olhar mais nos olhos ... Mas do que eu mais tenho medo é de esquecer do rosto, dos traços. Porque os dias passam, e a gente, mesmo que não queira, as vezes acaba esquecendo, e isso é muito triste. É como se a gente precisasse de uma fotografia que ficasse na nossa mente pra sempre, com todos os traços detalhados, pra talvez a falta ser menor. Uma foto que se mexesse e sorrisse, talvez pra amenizar a dor dos que sentem saudades.

É muito estranho como a vida nos leva. Novos, velhos, sonhadores, realistas, bons, ruins, corretos, errados, sofredores, felizes, pais, filhos, parentes, amigos ... É assim. Chega e não escolhe. Talvez a morte nem olhe nos olhos de ninguém pra destinguir carater, nem cor, nem gosto musical, nem religião, nem nada. Cada um aproveita do jeito que deu. E se não deu, azar.

A gente tenta guardar tudo o que foi bom, todos os detalhes pequenos e que faziam a diferença totalmente no nosso dia-a-dia. A gente guarda a pessoa dentro da gente pra sempre, por mais que a gente não possa nem ver, nem tocar e nem sentir ela por perto. Um lado teu vira só ausência e o outro vira só lembrança. São pedacinhos que a vida vai tirando de nós aos poucos. Mas a gente não pode ser tão egoísta quanto a gente é as vezes. A gente não pode parar. A vida continua. Pois a gente não gostaria que ninguém parasse quando o nosso pedacinho for tirado da vida de alguém. E isso um dia vai acontecer, sem dia e nem hora marcada. E talvez essa seja a única certeza da vida.

Um comentário: